quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Venham conferir a evolução da comédia Standup!

Por que em uma sala de espera de audiência é tudo muito tenso?

Por que não se pode rir?

É por este propósito que “Os Narcinteputos”, um espetáculo reflexo da vida artística e intensa de Jean Genet, expõe da maneira mais cômica a tensão a descontração dos marginais mais caricatos que existem. Assim como sugere o nome do espetáculo, são: narcisistas, inteligentes e putos. São três atores no palco, são três personagens opostos, mas que se atraem e decidem contar sobre suas vidas e como foram parar naquele local.

Os Narcinteputos, é o ser humano na sua maneira mais cotidiana, porém estereotipada, com nomes bizarros, histórias desconexas da realidade e os pontos fracos de cada personagem expostos escancaradamente, sem pudor. São eles: Astolfo – um pesquisador, inteligente e metódico; no estilo mais “nerd” e questionador da vida particular dos personagens, no entanto é o criminoso mais qualificado de todos. Beraldo – um narcisista de primeira, que investe em sua aparência e contempla a si mesmo o tempo todo; tanto que se coloca no estilo mais brega e mais burro dentre eles. Nincha – uma garota de programa, com coração enorme, toma-se em alguns momentos no espetáculo como mãe; é Nincha que motiva os personagens a se abrirem, a contarem sobre suas vidas; armando assim uma grande confusão que mistura: intelecto, prazer, profissão e conflitos de raciocínio.

O texto, de caráter universal, promove uma análise dos valores da sociedade moderna e nos leva a questionar nossas atitudes, em uma época marcada pela impessoalidade e pela solidão. A narrativa voraz – usa como leve referência “a vida e obras de Jean Genet” – e a direção realçam os estereótipos já tão marcados quando se tratam de encontros inesperados, atrações instantâneas e conflitos casuais.

Os Narcinteputos, é “um momento” que fala de alguns temas humanos da maneira mais cômica possível, lembrando em alguns momentos os atuais “comedy stand-up”. Utilizando também de instrumentos que marcam o teatro pós-moderno, como exemplo: o vídeo em cena (cena em que os personagens vão ao banheiro e lá são filmados com suas caras, bocas e malícias). É um espetáculo que visa além do riso fácil, o raciocínio e conscientização da marginalidade de forma descontraída e sem demais pretensões.